sábado, 22 de julho de 2017

Slam Movies

 Um gênero de filmes que explodiu no Brasil é o SLAM MOVIE.
Para começar vou colocar um "pingo no i" muito importante, eu não sou de comunidade, e a vida da comunidade para mim, como a maioria da classe média é fetiche. Sim, tenho que ser sincera, qualquer ponto de vista meu, desse tipo de filme, não vai passar disso. Falo isso para pedir desculpas já, quando eu falar besteira do que eu não sei.

 Sim, é fetiche de gente que tem olhar para quem não tem. E uma coisa que me deixa bem em ver filme assim, é que eles aguentam, eles sobrevivem sabe? Que o que é chocante para mim é rotina para alguém. Não é que eu pense que não é nada. Que eles não sofrem. Mas o que eu penso é que trauma é relativo. Se um milionário perde 500 mil reais, ele continua com 500 mil reais, mas ele vai ter muito stress, vai ficar arrasado, e mesmo dormindo numa cama muito mais confortável, ele vai se sentir péssimo. Sofrimento é bizarro porque é abstrato assim, e só conta da perspectiva de quem tá sentindo. Essa é a verdade. Um cara humilde que ganha 1000 reais e perde 500, vai sofrer, ficar arrasado, mas numa cama pior. Entende? Essa que é a verdade. Sofrer cada um sofre, na proporção que tem de segurança, conforto e dentro do que conhece. Um pobre não vai sofrer porque não tem 500 mil porque isso nem faz parte da rotina dele, sabe?

 Ninguém quer sofrer, mas ver os outros sofrendo mais, e sobrevivendo, dá uma alivio. Que vai que um dia sou eu lá?

  Me desculpa se foi frio, mas foi sincero. Mas é assim, tanto quem tá no topo quanto quem tá em baixo, sofre. A vida não é justa, e não foi eu que inventei a desigualdade, e nem acho ela justa.

Agora eu vou falar de desse SLAM MOVIE que é essencial na minha opinião.

Ultima Parada 174

Última vez que eu fui no Rio, foi depois da copa, e estava daquele jeito, a cidade muito roubo de viciado e pouca polícia. Nesse contexto assisti o 174, que me deixou encantada e perplexa.

Baseado em fatos reais, é uma história que coloca em perspectiva. O que é maldade, o que é malandragem, o que é raiva e o que é injusto.
A criança nasce na favela sem preparação nenhuma nenhuma maturidade para entender como reagir a desigualdade. O que faz ela entender o contexto, é com quem ela se envolve, o que ela faz e como o ambiente permite que ela enxergue. Esse filme conta a história de Sandro Barbosa do Nascimento. Um menino novo, que perdeu a mãe para violência na favela. Uma morte que ninguém ligou, mas que deixou ele sozinho no mundo, tendo que se virar.
Ele se associa com os iguais na candelária. Aonde vários meninos estão vivendo. Sem ninguém e sem nada, eles roubam as pessoas para conseguir cola.
Uma coisa que me chamou atenção era a perspectiva que os comerciantes veem aquela "inconveniência" as crianças de rua ali. É de uma frieza gigantesca.
Chega um dia que matam as crianças na Candelária. Acham que ia resolver o problema, tirar os trombadinhas.  Foi por isso que assisti, porque conhecia a história da Flordelis, (... Filme da Flordelis)
Quem ajuda eles é uma ONG que traz comida. São eles que prestam o auxilio imediato, e veem potencial nas crianças. Faz uma grande diferença o trabalho deles, na vida delas.
Esse menino, escapa do massacre. Mas crianças que conviviam com ele morrem. O acontecimento repercute na mídia com um misto de descaso e sensacionalismo. O que não existe é uma alternativa para as crianças da candelária saírem, crescerem, viverem.

Isso faz Sandro crescer sempre entre a criminalidade e a vida honesta e sofrida. Um dia ele depois de várias frustrações, ele decide roubar um ônibus sozinho. Nisso ele protagoniza o vilão de um sequestro transmitido ao vivo pela mídia. Cenas de desespero, de uma violência impulsiva construída com a mágoa de toda injustiça vivida por Sandro.
Atuação hipnotizante, uma história que na minha opinião vale mais que o aclamado cidade de Deus,  recomendo fortemente esse drama.




HIATUS

Bom, vou ser sincera.
Acho que a experiência de assistir a um bom filme com atenção, deve ser muito íntima.
Você não consegue assistir um filme que tem um ritmo lento, com alguém que não tem paciência e interrompe com comentários de insatisfação. Ou que imprime suas impressões do filme de uma maneira como se esperasse que concordasse com ele.
Quando eu escolho um filme para assistir em grupo, me sinto ofendida se ele não agrada o grupo.
O filme fala qual é meu senso de humor, qual nível da minha empatia, qual a minha frieza, que questão me desperta o interesse. Quando alguém não gosta, é como se não gostasse de alguma coisa em mim.

Para ver um filme com alguém, ou a pessoa tem que apreciar o filme, em silêncio e com interesse, ou então me coloca em um cinema com amigos para uma comédia comercial. Que todo mundo entende, se diverte e não é muito mais que isso!

Agora eu acredito que quando você vê um filme, tem que conversar a respeito. Quando alguém gosta do mesmo estilo de filme com você, é como se vocês se identificassem. É no descrever, no criticar e elogiar o filme que na realidade você se conecta com a outra pessoa. Com o que despertou o senso de humor dela. Com o que deixou ela intrigada, com como ela percebeu essa história.

Em resumo, assistir um filme para mim é uma coisa que tem que ser feita sozinha. E conversar a respeito de filmes, é uma coisa social, é uma oportunidade de conexão, ou identificar quem não tem nada a ver com você. Verdade, se a pessoa não entendeu ou não gostou do mesmo filme que eu, é um ponto pra repensar essa amizade!

Nesse raciocínio que eu montei o CRITIFE, porque convivi com mais pessoas que gostavam de compartilhar suas impressões de filmes, e isso me conectou com elas.

Fiquei um tempo sem postar, mais de um ano, por conta do ritmo da vida. Mas voltei, e vamos colocar aqui mais do que é que foi sentido, percebido em alguns filmes. Quem sabe assim, mais alguém sente, percebe e se identifica.

Att

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Chappie -Neil Blomkamp

Die Antwoord - dia 12 de Março em São Paulo, no festival de Música Lollapalooza Ingressos Aqui- Rap, experimental, agressivo, lúdico.
Ninja e Yolandi Vi$$er equilibram sua música com um astral gangster e agressivo, ao mesmo tempo íntimo e lúdico.


Chappie é a fantasia de Antwoord. A pluraridade cultural e questionamento de tradicionais preconceitos raciais é discutida: posicionando a África do Sul como pólo tecnológico propositalmente ignorando o estigma de Àfrica selvagem.
  Em uma empresa aonde a CEO é norte-americana (Sigourney Weaver) , o projeto mais rentável é um android de programação simples construído por um engenheiro indiano Dean (Dev Patel), que é usado como policial solucionando uma criminalidade absurda no país - antes dos androids eram 300 assassinatos diariamente!
 O soldado Vicent Moore, interpretado pelo australiano Hugh Jackman projetou um robô ainda maior que o android do jovem indiano, mais letal e robusto. Uma projeção de si mesmo, porém para a polícia sul-africana, é um desperdício. Voar e atirar misseis em múltiplas direções não condiz com as necessidades reais e rotineiras.

 A dupla Antwoord interpreta um casal membro de uma gangue pequena e ambiciosa (como a própria banda em si), que conta também com Amérika- um mexicano. Juntos eles vivem em uma fábrica abandonada com elementos artísticos que refletem suas personalidades artísticas, agressivas, lúdicas e intimidades.
Questões de Moralidade no filme.
O filme sugere que a moralidade e a consciência são dados, energia, e nos humanos é mais primitiva que nos robôs. Logo no início são os robôs que controlam a sociedade, seguindo uma programação humana.
 Ao Dean criar um robô com consciência, ele espera encontrar valores mais puros de moralidade do que os corrompidos da raça humana.
 Dean consegue fazer a programação, mas para colocar seu plano em ação ele comete um crime: roubando a configuração de segurança, um robô com pouca bateria e partes de robôs da empresa que trabalha.
Mesmo depois de cometer esse crime, Dean ainda é um ingênuo garoto inteligente. Ele acaba sequestrado pela gangue dos Antwoord, sendo obrigado a deixar sua criação nas mãos deles.
 Chapie nasce dentro da gangue, com armas apontadas para ele. Assustado ele vai compreendendo como se comunicar. Yo Landi que é uma gangster ambiciosa se derrete em instinto maternal sobre ele, deixando seu namorado Ninja enciumado. Ele faz de tudo para deixar o inocente e doce robô uma personalidade "difícil de amar" com sua própria, o expondo a situações de risco. Ninja é leal a Yo Landi, e mesmo sendo agressivo e assustador ela é a única coisa que para ele importa. Ela se sente segura por estar com um selvagem que a ela deve lealdade, em um mundo tão perigoso.
 Chapie não entende a moralidade dos seres humanos e os considera mentirosos desleais. A ambição de Ninja torna Chapie apenas uma ferramenta para conseguir seus propósitos.
 Todos os personagens se corrompem em alguma parte da história, mas o mais justificável é Chapie, que foi enganado.

 Yo Landi e Dean representam humanos mais estáveis e seguros, mas a ingenuidade de Chapie não os enxerga assim.
A mortalidade é um tema nesse filme. Chapie está com pouca bateria e culpa seu criador Dean por construí-lo assim, destinado a morrer. Chapie aceita abrir mão de sua moralidade, participando dos planos de Ninja para conseguir um novo corpo e não morrer.

 Vincent Moore constantemente humilhado acredita que a sua imortalidade está em sua criação, o robô Alce. Enciumado, ele desativa todos os androids patrulheiros, permitindo a selvageria humana destruir a cidade. Ele consegue permissão para ativar sua criação, mas ignora o caus na cidade e parte para seu rival Chapie.
 Alce não é um guerreiro tão forte como esperado por seu criador, talvez todos aqueles cortes de investimento tornaram ele vulnerável a ataques externos.
Mas sua derrota exigiu o sacrifício da gangue. O mexicano é imediatamente descartado e Ninja heroicamente se posiciona para morrer por Chapie e Yo Landi.  Mas Yo Landi toma as balas no lugar, morrendo em lugar de Ninja.

Dean que está brutalmente ferido pode morrer também, mas Chapie desenvolveu o reconhecimento da consciência (alma) e transfere Dean para um robô, e funciona! Chapie também precisa de um corpo para sua consciência, e é transferido então para outro robô.
 Voltam para a fábrica abandonada e encontram Ninja lidando agressivamente com o luto de perder sua amada. Ele queima todos os seus pertences.
Fica salvo em uma unidade de mídia a consciência de Yo Landi enquanto Chapie fazia seus experimentos de consciência, e com isso todos conseguem eternizar sua consciência e ultrapassar sua configuração humana para uma superior.


Lady Antwoord Playlist
Chapie Playlist da Trilha Sonora


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Mean Girls e Poder



  Na selvagem escola de Ensino Médio, os "animais" convivem em bandos, separados por espécies: Asiáticos, maconheiros e a realeza As Plásticas.

 A Abelha Rainha Regina George controla o colégio mais que qualquer figura adulta retratada em todo o filme. Regina vem do latim Régis que quer dizer rei. Regina é uma ditadora com punho de ferro, implementando um "código de vestuário" com legítima autoridade e assustando qualquer um que tentar entrar em seu caminho.


 Como qualquer ditador ela é destronada em um acidente.
 O proletariado se revolta com a ditadura desfeita, Kate (Lindsay Lohan) é coroada rainha, ela rompe  o símbolo de poder e distribui em um novo regime igualitário.


Referência