quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Frank - Michael Fassbender




A cabeça de Frank é um estigma tão forte para a cara de uma história que chega a ser óbvio que ele marcará um clássico. Como o coelho de Donnie Darko ou a máscara de V, seria um verdadeiro desperdício se o diretor Lenny Abrahamson produzisse uma obra ruim ou menos cult do que Frank demonstra. E Frank corresponde as expectativas.
 O filme é sobre John Burroughs (Domhnall Gleeson), um aspirante a compositor, que tem um encontro eventual com uma banda de rock progressivo, cujo vocalista usa uma cabeça de compensado e rosto desenhado e nunca mostra sua face. Os integrantes da banda The Soronprfbs detém cara um a sua própria peculiaridade e o encontro com Frank (Michael Fassbender) faz com que John vá descobrindo fatores imprescindíveis sobre o universo musical, aprendendo dele e incidindo no confuso e particular universo do rock progressivo.

  A banda de Frank quer gravar um novo álbum, original como sua personalidade, e então, ao perderem seu tecladista e acoplarem John a família, eles alugam uma cabana em uma mata afastada para criar o ambiente perfeito, compor e gravar. John, porém, vê na banda um potencial para desenvolver seus próprios talentos e ganhar a fama, que parece necessária tendo em vista que "todo mundo deveria conhecer o Frank!".

  Pra quem já viu Frank é um personagem peculiar e paradoxal. Ao mesmo tempo que não demonstra simpatia pelo público, não sendo comercial e permanecendo quase que completamente no âmbito artístico, é uma alma pura e boa quando apresentado a pessoas como John e outras que o conhecem ao longo da história e passam a ama-lo ao descobrir seu caráter original e sincero. Os outros integrantes da banda são apresentados e demonstram viver em uma sincronia perfeita pra que a música aconteça, mesmo sendo bem diferentes entre si.
  Pra quem entende de música fica fácil perceber que a personalidade se liga ao instrumento que cada um toca e como cada um acrescenta a composição da arte. A vontade de John em aprender com Frank e desenvolver os seus próprios talentos musicais vai criando a amizade e dando voz as opiniões de John ao futuro da banda. Porém, ao se enfiar no universo peculiar e complexo que é a própria cabeça de Frank, John não faz ideia das mudanças e tormentos que pode provocar, mesmo cheio de boas intenções. O filme caminha para o assunto da visão comercial (e indiretamente egoísta) por sobre a produção artística e o conflito que acarreta disso já que ambas possuem objetivos diferentes (lucrar e fazer arte) quando o artista não deseja mistura-los.

   A vontade da banda de se afastar na mata para fazer fluir a criatividade em contraponto ao constante acesso ao Twitter por John para relatar as atitudes dos companheiros retrata bem esse fator. Frank e sua banda são aparentemente desprovidos de vontade pela fama já que ela requer comunicação e compreensão e a arte de Frank não é feita para a massa. Com isso, John se vê empurrado para fora do micro mundo da banda de Frank, descobrindo que ali não cabe nada mais além da pura arte.
Trilha Sonora

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