domingo, 17 de janeiro de 2016

The Lobster - A Lagosta

Gênero: Ficção, Romance
Fotografia: ++++ (Luz natural)
Trilha Sonora: ++
Nota Final: +++
Estrelado por: Colin Farrel e Rachel Weiz

Blade Runner, Laranja Mecânica, Divergente, Jogos Vorazes,Metrópolis, Mad Max. Sociedades distópicas. O cinema permite criar um ambiente aonde com a distorção de algum valor conhecido, se transforma toda a sociedade. Interessante não? em outras palavras imagine pegar algum elemento muito simples da nossa rotina, como computadores, e inverter, em vez deles trabalharem para nós, eles nos escravizam. Ou a água, acabou a água no planeta, e é um bem essencial e escasso reestruturando a política mundial, a paisagem e nosso próprio comportamento.
 The Lobster (até esse instante sem título em português) é um filme de amor. Mas que coloca na mesa a importância que damos a esse tema, e coloca numa lente de aumento nossos medos, expectativas e comportamentos em relação a isso. Diferente de alguns temas de distopia, esse exige uma perspectiva mais contemplativa.
 Pense na pressão que você sente para encontrar alguém que te complete. Porque segundo alguma ideia, você precisa ser completado. A solidão é perigosa, imagine estar comendo sozinho, engasgar e não ter ninguém para ajudar. Uma mulher andar na rua a noite sozinha está exposta a muitos perigos. Estar sozinho(a) te expõe a um vazio depressivo, diminui sua produtividade para sociedade. Agora, pense em tudo que você fez quando era solteiro (ou mesmo agora sendo) para encontrar alguém compatível. Não era esse seu primeiro pensamento ao encontrar alguém do sexo oposto? Não procurava estar envolvido em atividades que promovessem esse encontro? Sentia o tempo passando cruelmente enquanto você via seus amigos desfrutarem de relacionamentos amorosos? Para quem ama e quem não tem quem amar, a vida sem amor é uma sobrevida. Essa sobrevida não se comunica com os que amam, não tem satisfações é solitária. Apenas assiste a felicidade dos amantes.

Todos esses elementos estão caricaturados no filme. Na perspectiva de imposição legal, sustentada pelo estado, você precisa encontrar alguém, ser solteiro é contra lei. A pena para isso é ser transformado em um animal "sobrevida".

Como funciona: Pessoas recentemente solteiras ou em idade de se relacionar são enviadas a um hotel para encontrar um parceiro viável.Lá fazem atividades que incentivam a vida a dois e são inibidas atividades que sugerem independência. São cerca de 40 dias permitidos até se encontrar um parceiro com alguma semelhança, que faça ser viável o relacionamento. Enquanto isso, eles caçam solteiros para aumentar o prazo para encontrar o parceiro. Quem consegue encontrar o parceiro está apto para viver na cidade

Para quem já viu-------------------------------------------

È interessante a relação com sedativos no filme, aonde todos parecem sedados e conformados. Falas pausadas e lentas, sucintas. Tudo é lento. Exceto pelos extremos, a líder dos casais (diretora do hotel) e a líder dos solteiros. Ambas defendem suas perspectivas com a aniquilação da contrária.
O personagem central é David (Colin Farrel) que é vulnerável em toda a sequência pela circunstância em que se encontra, com tentativas desajeitadas de se libertar. Seu animal de escolha é a lagosta, com argumentos muito interessantes, voltados para filosofia do relacionamento. Ou seja, embora ele não goste do jeito que as coisas são, ele tenta se adaptar.
Em off a narração é da personagem de Rachel Weiz, sem nome. Ela tem astigmatismo assim como David, e eles se encontram enquanto solteiros independentes. Se apaixonam e pelo mesmo problema se descobrem um casal viável.
È mais difícil fingir sentimentos quando não os tem, do que fingir que não tem quando tem.

No entanto ao estar nesse lado, é inconcebível o relacionamento a dois, que precisam esconder o romance até a líder do grupo colocar um impedimento brutal: tirando a viabilidade do casal, cegando a personagem de Rachel.
 Uma comparação que encontrei interessante se dá entre o amor ingênuo dos casais que se formam no hotel, com semelhanças falsas que brotam do medo da marginalização e dos perigos da solidão, e amor genuíno que se dá pelo amor romântico que é alimentado pelo drama do impossível, Eros e Tanatos, amor e dor.
Ao ficar cega diante de um sofrimento constante, o amor chega a sua prova final. Para permitir a viabilidade,David fica cego também. Nesse momento em diante ambos são sofredores constantes, dependentes um do outro e um casal viável e genuíno para habitar na cidade.
Trilha Sonora




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